sexta-feira, 29 de maio de 2009

Griôs

Sobre a Ação Griô Nacional

“O Griô é um caminhante, cantador, poeta, contador de histórias, genealogista, mediador político. É um educador popular que aprende, ensina e se torna a memória viva da tradição oral. Ele é o sangue que circula os saberes e histórias, as lutas e glórias de seu povo dando vida à rede de transmissão oral de uma região e de um país. O papel do griô aprendiz é garantir a vitalidade e continuidade das redes de transmissão oral entre as gerações, as escolas e os pontos de cultura do Brasil”( Líllian Pacheco, criadora da pedagogia Griô)
A Ação Griô Nacional, criada e inspirada pela pedagogia do ponto de cultura Grãos de Luz e Griô (Lençóis – BA) em parceria com uma rede de 50 pontos de cultura de todo o Brasil atua com a vivência, a criação e a sistematização de práticas pedagógicas relacionadas aos saberes e fazeres da cultura oral envolvendo pontos de cultura, escolas, universidades e comunidades. A missão desta rede é criar e instituir uma política pública de estado que promova o reconhecimento do lugar político, social e econômico dos griôs e mestres de tradição oral na educação das crianças e jovens brasileiros.
A Ação Griô vem construindo a sua caminhada pelo Brasil através de vínculos políticos, de afeto e identidade. Como um dos resultados do seu primeiro ano de atuação em todo o país, a Ação Griô publica em 2008 um conjunto de materiais pedagógicos ( livro, jogo de trilha, cd e filme ) revelando uma importante diversidade de experiências pedagógicas que 50 pontos de cultura em todo o país desenvolvem atualmente em parceria com escolas e comunidades em todo o país. Este material será lançado e distribuído por toda a rede de pontos de cultura, como uma referência, estímulo e contribuição ao desenvolvimento de práticas pedagógicas inspiradas na tradição oral.
A Ação Griô lança em breve o seu edital nacional 2008, que ampliará a sua rede para mais de 100 pontos de cultura, redes e organizações da sociedade civil. Em 2008 será realizado ainda I Encontro Nacional da Ação Griô, que terá também uma importante participação enquanto rede de pontos de cultura na programação da TEIA 2008.
Uma das prioridades da Ação Griô neste ano de 2008 é a sua consolidação enquanto rede organizada da sociedade civil, assumindo a missão política de mobilizar e articular os grupos e redes envolvidas na ação – parteiras, indígenas, quilombolas, capoeiristas, jongueiros, teatreiros, repentistas, etc. – no sentido da conquista e do reconhecimento de seus saberes e fazeres de tradição oral pelo estado brasileiro em parceria com as redes de educação formal. A meta é chegar a 2010 com uma rede de 1000 pontos de cultura em todo o país, envolvendo uma média de 10 mil griôs e mestres, 40 mil instituições e ensino e 1 milhão de estudantes regularmente envolvidos em atividades pedagógicas que integrem educação e tradição oral.
"A minha mãe um dia me disse que eu seria respeitado por aquilo que eu faço, por aquilo que eu sou, esse dia chegou”.(Vô Aerson, Mestre de tradição oral, Ponto de Cultura Centro Lúdico da Rocinha/ RJ)
EQUIPE PONTÃO AÇÃO GRIÔ NACIONAL
COORDENAÇÃO NACIONALLillian Pacheco e Márcio CaíresPonto de Cultura Grãos de Luz e Griô (BA)graosfrioinfo@yahoo.com.br

Dança: corpo, cultura e arte

Educadô na Formação Continuada

Oficina 23 de maio de 2009.

Objetivos Gerais:

Introduzir noções de corporeidade contextualizadas culturalmente.
Instrumentalizar os professores para trabalhar a dança como cultura afro-brasileira.
Conhecer o Jongo e o Congado.
Estabelecer contato e planejar atividades escolares com Griôs de Uberlândia

Objetivos Específicos:

Sensibilizar o corpo e refletir sobre o corpo sensível.

Conteúdos:

« Sensibilização corporal: bolinhas e manipulação.
« Reflexão sobre o corpo sensível, o corpo comportado na escola e a “anestesia” corporal do cotidiano.
« Interação Corporal e de grupo.
« Jongo: prática de dança, ritmo, canto e jogos.

Material necessário:

« Bolinhas – uma ou duas por participante
« Aparelho de som e CDs – Antônio Nóbrega (vinde-vinde), Jongo da Serrinha
« Tambores (para oficineiros e colaboradores)

Tempo estimado: oficina de 4 horas cada

Desenvolvimento

1ª Oficina 23 de maio
Das 8h às 8h45h
« Acolhida em roda de conversa;
o apresentação do espaço e suas regras
o combinar protocolos
o estabelecer uma caixinha de elogias e críticas com sugestões – sorteio do livro da Daraína.
o apresentação do planejamento:



O curso se organiza em quatro frentes de trabalho: oficinas (atividades práticas de dança: corpo, música, jogos), palestras (reflexões e debates com convidados sobre temáticas específicas), pesquisa de campo (participar e conhecer a Festa de Nossa Senhora do Rosário) e oficina de projetos (elaboração em grupos de planejamentos de atividades escolares com culturas populares).

Este curso está articulado com o grupo Baiadô, o projeto Educado e Griô e o Programa de Educação Popular.
O Ministério da Cultura criou a Ação Griô para implementar uma política de valorização da tradição oral no Brasil, incentivando troca de experiências e fortalecendo a identidade local. A Ação Griô é vinculada ao Programa Nacional de Cultura Educação e Cidadania – Cultura Viva, que busca promover o acesso aos meios de produção e difusão cultural, visando à construção de novos valores de cooperação solidariedade.

Parte destas atividades serão compartilhadas com educadores populares tanto os tradicionais quanto os das culturas urbanas. Está sendo organizado um grupo de Griôs de Uberlândia, formado por capitães de congado, sambistas e dançadores de dança de rua para colaborar na construção de caminhos que aproximem escola e culturas populares.

Das 9h às 9h45
Sensibilização corporal + Interação de grupo

« bolinhas nos pés – conversa sobre sensibilizar o corpo pelo tato e pressão.
« troca de massagens nos ombros – conversa sobre importância do toque entre as pessoas
« vinde-vinde (alongamento trapézio) – trabalho corporal articulado com brincadeiras e contexto cultural
« mole-mole (aquecimento das articulações – é necessário orientar quais as articulações que vamos trabalhar, uma possibilidade é começar pelas mãos e ir descendo até os pés)
o Intervalo para água e banheiro

Das 10h às 11h15
Jongo

« Contextualização ligeira
« canto
« passos básicos: pulso, tabeado, passo de Guaratinguetá, roda do Baiadô (perceber as diferentes habilidades dos cursistas)
« “jogos” (tabeado com pontuação de umbigada, roda de pares)
Intervalo para água e banheiro/lanche


Das 11hs às 12hs
Roda de Conversa
« O corpo sensível , o corpo cultural e estratégias de trabalho.
« Sugestão de leitura da seqüência didática da revista “nova escola”
« Combinação de reunir material de pesquisa para enriquecimento da seqüência e socialização de materiais.

Avaliação
« Escutando os cursistas sobre o trabalho do dia – anotar Baiadô!!! - verificação de interesse, expectativas e possibilidade de complementar conteúdo.
« Participação de todos cursistas e baiadores na construção coletiva de materiais de referência.

Cronograma Curso Dança - Programa de Formação Continuada - Eixo 1 - Linguangens e Culturas

Dança - Proposta de Cronograma 2009 - sábados pela manhã, das 8 Às 12hs.

Roupa de trabalho – deitar e rolar
Laboratório de Ações Corporais – bloco 3M

04 abril
Abertura do Programa e Currículo e palestra com Prof.ª Dr.ª Regina Ilka Vieira Vasconcelos: Diversidade Cultural no Cotidiano Escolar

25 abril
Que Eixo é esse?
Eixo 1
Atividade de escuta

16 de maio
Linguagens e Culturas: diferentes escrituras e leituras de mundo com Profª Drª Gercina Novaes
Eixo 1

23 de maio
Oficina de danças brasileiras
Dança

30 de maio
Oficina de danças brasileiras
Dança

6 de junho
O ensino que dói: mesa redonda com Beneval Santos (FACED), Gabriel Palafox (FAEF) e Elieuza Aparecida de Lima
Eixo 1

4 de julho
Oficina de danças brasileiras
Dança

01 de agosto Data a confirmar
Palestra: Corpo na escola
Dança
Iniciamos o trabalho junto aos Griôs

13, 14 e 15 de agosto
Seminário Coletivo
Programa: os 3 Eixos

22 de agosto
Oficina Moçambique/ Letramento acadêmico-cultural
Dança

29 de agosto
Oficina Congado/ Letramento acadêmico-cultural
Dança

19 de setembro
Palestra educação popular
Dança/EJA
Atividade coletiva dos dois cursos, palestrante e data a confirmar

03 de outubro
Palestra “Memória como prática de leitura” com o Prof. Dr. João Bosco Cabral dos Santos
Eixo 1
Data a confirmar

10 de outubro
Festa do Congado de Uberlândia
Dança
Atividade extra de pesquisa de campo

17 de outubro
A ação social da Cultura Popular em narrativas para crianças com a Prof. Marisa Silva, da Escola de Jongo da Serrinha RJ.
Eixo 1
palestrante e data a confirmar

24 de outubro
Oficina de projetos
Dança

14 de novembro
Fechamento das atividades do Eixo 1 / 2009
Eixo 1

28 de novembro
Fechamento das atividades do Programa 2009
Programa: os 3 Eixos

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Grupo de Discussão

Olá, pessoal!

De modo que fosse possível compartilhar as músicas do CD do Jongo da Serrinha sem maiores complicações, criei um grupo de discussão no Goggle para o Educadô.

Se for do gosto geral, podemos trabalhar todo o processo discussão lá... caso contrário, podemos deixar aquele espaço apenas como forma de armazenar material.

inté!

---------------------> (relato do encontro do dia 23 de maio:)

Baiadô 23 mai 2009

O encontro iniciou-se com conversas sobre as atividades de dança e a escola. As cursistas comentaram sobre como os trabalhos culturais nas escolas estão restritos a datas comemorativas e a como acabam sendo atividades extra, sem se integrarem ao currículo. Também conversamos sobre a necessidade de apoio ao trabalho dos professores, que fariam mais se tivessem o suporte adequado. É preciso que outros agentes trabalhem em conjunto do professor (e que este esteja aberto a receber suporte), seja da coordenação da escola, seja de outros professores, dos próprios alunos e, principalmente, de agentes da comunidade (como os griôs). E tudo isso visando a criação de novos espaços para o desenvolvimento de mais atividades corporais, uma vez que os estudantes quase sempre passam pelo menos 4 horas sentados todos os dias.

Seguindo o rumo das discussões, as atividades do encontro deste sábado tiveram prosseguimento com a experimentação corporal nas próprias cadeiras em que estávamos sentados: como sentar apoiando mais as costas, empurrar o encosto da cadeira sem empurrar o chão, empurrar o chão e o encosto da cadeira ao mesmo tempo, formas diferentes de sentar e de se apoiar na cadeira. Esta atividade ia de encontro à necessidade dos professores de encontrarem alternativas para trabalharem com os alunos quando estes estivessem muito cansados de ficarem só sentados, e, conequentemente, diminuindo seu nível de atenção.

Então, de pé, com bolinhas de borracha, demos início ao trabalho de sensibilização dos pés, procurando testar o apoio destes no chão. A dinâmica seguiu os seguintes procedimentos (em roda):

(1) passar um pé sobre a bolinha, como se estivesse "pintando-o" com ela;
(2) depois de passar o pé sobre a bolinha, amassá-la com todas as partes do pé, procurando mudar a forma dela;
(3) pressionar pontos do pé por um tempo com a bolinha, procurando ficar um tempo em cada ponto;
(4) andar, percebendo as sensações resultantes do exercício, comparando com o pé que não ainda não passou pelo exercício;
(5) repetir o mesmo processo com o outro pé.

Assim que os dois pés tinham passado por este processo, andamos pelo espaço, mudando a velocidade e o espaço entre cada pisada, até que pisamos bem "miudinho" e rápido.

Após andar pelo espaço "percurtirmos" a clavícula, batendo os dedos e ouvindo o som, prestando atenção nas sensações produzidas. Então, nos organizamos de dois a dois para percurtirmos as escápulas uns dos outros. Este exercício seguiu a mesma lógica do exercício dos pés: primeiro uma escápula é sensibilizada (dobrar o braço para trás da escápula que está sendo trabalhada ajuda), anda-se pelo espaço e depois se aplica o mesmo processo na outra. Sempre que terminada uma escápula, passam-se as duas mãos sobre o ombro, na direção clavícula-braço, e então ombro-mão.

A sensibilização da escápula deu lugar, então, a movimentos que partissem desta região do corpo, movimentando braços e coluna. Aos poucos o movimento foi sendo direcionado para os quadris, nos quais focamos a atenção por um tempo, procurando relacionar os movimentos do quadril com os dos pés.

Finalmente, demos início ao trabalho com o jongo, iniciando com o passo básico do "tabeado" (pisa-pisa-calcanhar, bateu e volta a pisar com o mesmo pé). Após um tempo experimentando este passo (sem música), sem sair do lugar na roda, fomos chamados a experimentá-lo enquanto nos locomovíamos pelo espaço.

Fizemos uma pausa para escutarmos uma música de jongo: Saracura (faixa 9 do CD Jongo da Serrinha). Renata fez reflexões sobre a temática da música, sobre as idéias que estavam inseridas na letra. Assim que escutamos e conversamos sobre esta música, Renata sugeriu que ouvíssemos uma outra, menor e mais fácil de trabalhar com as crianças. Uma vez que havíamos entendido a letra, começamos a cantar e em seguida a pater palmas e cantar (três palmas, uma batida numa coxa e outra na outra). Renata deu ênfase na idéia de que, ao finalizar uma música, o puxador diz: "machado" e todos entendem que devem parar de cantar e dançar (finaliza-se com algum movimento bem expressivo, envolvendo todo o corpo). Esta idéia é interessante quando se quer ter de volta a atenção dos estudantes após cada canção.

Uma vez que o ritmo, o passo, a letra e a melodia estavam minimamente assimilados, ficamos de pé e fizemos uma roda de jongo, seguindo o passo do tabeado. No centro da roda, entra uma pessoa e escolhe outra para acompanhá-la na dança, enquanto espera ser retirada por outra que entra para dançar com aquela que foi escolhida. Dançamos e cantamos as músicas que havíamos aprendido e depois Renata puxou Olê-Olê-Olá, de autoria de Fernanda.

Uma vez terminadas estas atividades, fomos chamados para uma roda de conversa. As cursistas falaram sobre uma certa dificuldade inicial de se enturmar e de se sentirem a vontade, percebendo que muitas das dificuldades que os alunos tinham, elas mesmas estavam enfrentando-as durante o encontro. Falaram também a respeito de como as brincadeiras de roda desenvolvem o auto-controle, ensinando as crianças a esperarem sua vez e a terem paciência, bem como a terem iniciativa e participarem quando houver espaço para tanto.

Durante a roda de conversa houveram falas que deram grande atenção à falta de espaço nas escolas para os trabalhos corporais. As cursistas disseram que este fato está relacionado à grande incidência de conflitos físicos e de violência nas escolas.