quarta-feira, 27 de maio de 2009

Grupo de Discussão

Olá, pessoal!

De modo que fosse possível compartilhar as músicas do CD do Jongo da Serrinha sem maiores complicações, criei um grupo de discussão no Goggle para o Educadô.

Se for do gosto geral, podemos trabalhar todo o processo discussão lá... caso contrário, podemos deixar aquele espaço apenas como forma de armazenar material.

inté!

---------------------> (relato do encontro do dia 23 de maio:)

Baiadô 23 mai 2009

O encontro iniciou-se com conversas sobre as atividades de dança e a escola. As cursistas comentaram sobre como os trabalhos culturais nas escolas estão restritos a datas comemorativas e a como acabam sendo atividades extra, sem se integrarem ao currículo. Também conversamos sobre a necessidade de apoio ao trabalho dos professores, que fariam mais se tivessem o suporte adequado. É preciso que outros agentes trabalhem em conjunto do professor (e que este esteja aberto a receber suporte), seja da coordenação da escola, seja de outros professores, dos próprios alunos e, principalmente, de agentes da comunidade (como os griôs). E tudo isso visando a criação de novos espaços para o desenvolvimento de mais atividades corporais, uma vez que os estudantes quase sempre passam pelo menos 4 horas sentados todos os dias.

Seguindo o rumo das discussões, as atividades do encontro deste sábado tiveram prosseguimento com a experimentação corporal nas próprias cadeiras em que estávamos sentados: como sentar apoiando mais as costas, empurrar o encosto da cadeira sem empurrar o chão, empurrar o chão e o encosto da cadeira ao mesmo tempo, formas diferentes de sentar e de se apoiar na cadeira. Esta atividade ia de encontro à necessidade dos professores de encontrarem alternativas para trabalharem com os alunos quando estes estivessem muito cansados de ficarem só sentados, e, conequentemente, diminuindo seu nível de atenção.

Então, de pé, com bolinhas de borracha, demos início ao trabalho de sensibilização dos pés, procurando testar o apoio destes no chão. A dinâmica seguiu os seguintes procedimentos (em roda):

(1) passar um pé sobre a bolinha, como se estivesse "pintando-o" com ela;
(2) depois de passar o pé sobre a bolinha, amassá-la com todas as partes do pé, procurando mudar a forma dela;
(3) pressionar pontos do pé por um tempo com a bolinha, procurando ficar um tempo em cada ponto;
(4) andar, percebendo as sensações resultantes do exercício, comparando com o pé que não ainda não passou pelo exercício;
(5) repetir o mesmo processo com o outro pé.

Assim que os dois pés tinham passado por este processo, andamos pelo espaço, mudando a velocidade e o espaço entre cada pisada, até que pisamos bem "miudinho" e rápido.

Após andar pelo espaço "percurtirmos" a clavícula, batendo os dedos e ouvindo o som, prestando atenção nas sensações produzidas. Então, nos organizamos de dois a dois para percurtirmos as escápulas uns dos outros. Este exercício seguiu a mesma lógica do exercício dos pés: primeiro uma escápula é sensibilizada (dobrar o braço para trás da escápula que está sendo trabalhada ajuda), anda-se pelo espaço e depois se aplica o mesmo processo na outra. Sempre que terminada uma escápula, passam-se as duas mãos sobre o ombro, na direção clavícula-braço, e então ombro-mão.

A sensibilização da escápula deu lugar, então, a movimentos que partissem desta região do corpo, movimentando braços e coluna. Aos poucos o movimento foi sendo direcionado para os quadris, nos quais focamos a atenção por um tempo, procurando relacionar os movimentos do quadril com os dos pés.

Finalmente, demos início ao trabalho com o jongo, iniciando com o passo básico do "tabeado" (pisa-pisa-calcanhar, bateu e volta a pisar com o mesmo pé). Após um tempo experimentando este passo (sem música), sem sair do lugar na roda, fomos chamados a experimentá-lo enquanto nos locomovíamos pelo espaço.

Fizemos uma pausa para escutarmos uma música de jongo: Saracura (faixa 9 do CD Jongo da Serrinha). Renata fez reflexões sobre a temática da música, sobre as idéias que estavam inseridas na letra. Assim que escutamos e conversamos sobre esta música, Renata sugeriu que ouvíssemos uma outra, menor e mais fácil de trabalhar com as crianças. Uma vez que havíamos entendido a letra, começamos a cantar e em seguida a pater palmas e cantar (três palmas, uma batida numa coxa e outra na outra). Renata deu ênfase na idéia de que, ao finalizar uma música, o puxador diz: "machado" e todos entendem que devem parar de cantar e dançar (finaliza-se com algum movimento bem expressivo, envolvendo todo o corpo). Esta idéia é interessante quando se quer ter de volta a atenção dos estudantes após cada canção.

Uma vez que o ritmo, o passo, a letra e a melodia estavam minimamente assimilados, ficamos de pé e fizemos uma roda de jongo, seguindo o passo do tabeado. No centro da roda, entra uma pessoa e escolhe outra para acompanhá-la na dança, enquanto espera ser retirada por outra que entra para dançar com aquela que foi escolhida. Dançamos e cantamos as músicas que havíamos aprendido e depois Renata puxou Olê-Olê-Olá, de autoria de Fernanda.

Uma vez terminadas estas atividades, fomos chamados para uma roda de conversa. As cursistas falaram sobre uma certa dificuldade inicial de se enturmar e de se sentirem a vontade, percebendo que muitas das dificuldades que os alunos tinham, elas mesmas estavam enfrentando-as durante o encontro. Falaram também a respeito de como as brincadeiras de roda desenvolvem o auto-controle, ensinando as crianças a esperarem sua vez e a terem paciência, bem como a terem iniciativa e participarem quando houver espaço para tanto.

Durante a roda de conversa houveram falas que deram grande atenção à falta de espaço nas escolas para os trabalhos corporais. As cursistas disseram que este fato está relacionado à grande incidência de conflitos físicos e de violência nas escolas.

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